
Nascido em São Tomé e Príncipe em 1982, Silas Tiny emigrou com a sua família para Portugal aos cinco anos de idade. Cresceu numa aldeia perto de Lisboa e, ainda jovem, dedicou-se à pintura e foi autodidata durante muitos anos. Após várias experiências profissionais, como carteiro, empregado de armazém e de call-center, ingressou na Escola Nacional de Cinema de Lisboa, onde se licenciou.
Ainda durante a licenciatura, realizou a sua primeira longa-metragem documental, Bafatá Filme Clube (2012), na qual reflete sobre o efeito do pós-colonialismo na cidade de Bafatá, na Guiné-Bissau — terra natal do lendário líder africano Amílcar Cabral — e o resultado da passagem do tempo neste local, através de um velho cinema desativado, guardado pela figura fantasmagórica do seu antigo projeccionista.
Após uma ausência de quase trinta anos, regressou a São Tomé e Príncipe pela primeira vez em 2014. Este reencontro com as suas raízes levou a uma profunda reflexão sobre a sua própria identidade e, mais tarde, à realização do documentário, O Canto do Ossobó (2017). Uma viagem pelas suas memórias pessoais e colectivas de São Tomé e Príncipe, escrutinadas pela história da escravatura e do trabalho forçado nas plantações. Apresentado na Competição Nacional do DocLisboa, teve posteriormente uma estreia comercial e foi exibido em vários festivais.
Em 2020, terminou Constelações do Equador, a sua terceira longa-metragem documental, que aborda a ponte aérea humanitária entre São Tomé e a República secessionista do Biafra durante a guerra civil nigeriana (1967-70) e as memórias das crianças que por ela passaram, com vários elementos, atores e testemunhas. Este filme teve a sua estreia mundial no Sheffield DocFest em 2021, onde ganhou o Prémio Especial do Júri, e tem sido exibido em vários festivais nacionais e internacionais.
No início de 2023, fundou a sua própria produtora, a Ossobó Filmes, para produzir os seus projetos. Atualmente, está a desenvolver dois documentários e a sua primeira longa-metragem de ficção.